"(...) As festas das estações do ano são celebrações que nos conectam com o mundo que nos rodeia e com toda a natureza. As festas anuais culturais, espirituais, típicas de cada povo, celebram a junção de forças terrestres e cósmicos. Festivais, da natureza e dos povos, criam comunidades de seres humanos no intuito de comemorar a harmonia do cosmos e da terra, da matéria e espírito. A Natureza está na base da nossa cultura e da nossa sobrevivência. Temos de ajustar a nossa existência, de acordo com as forças naturais, pois ela está profundamente arraigada em nós. Estas festas sazonais marcam a mudança da luz, a relação da Terra com o Sol, a ligação com aquilo que é universal no ciclo do ano. As forças cósmicas se apresentam nas quatro estações do ano. As estações são como a respiração da Terra e ajudam o ser humano na busca do equilíbrio.
No Verão, a alma humana tende a ser mais passiva. A tendência é de ser mais sonhador. O homem recebe a luz que está fluindo para si a partir do cosmos. O mundo espiritual divino revela-se. A luz é a sabedoria espiritual. O intelecto fica mais lento e a alma se abre para a luz e o calor.
No Outono, a terra começa a dormir e o desejo da alma é a de regressar à sua vida interior, de ir para dentro. A alma humana acorda e o homem fica atento ao que está acontecendo no mundo. Neste momento temos que acordar para o conhecimento da natureza e da atividade espiritual que está por detrás dela.
No Inverno, a Terra já completou a sua inspiração total, e a alma humana faz uma grande interiorização. A tendência é do ser humano se afundar em si mesmo, num sonho dentro do próprio ser. Devemos ficar atentos às trevas. Temos de chamar a terra de volta da escuridão. A escuridão no inverno é a polaridade da Luz do verão, algo que se evapora das forças do calor e da luz do Verão. Aqui devemos buscar o estudo e a meditação, caminhos do fortalecimento interior e como contraponto os encontros com o outro, as relações sociais mais profundas.
Na Primavera, a alma humana tem a tendência a entrar nas forças impetuosas da natureza. A chamada para o ser humano nesse período é o de ficar conectado observando a natureza que desabrocha. O convite é verdadeiramente olhar para si mesmo, olhar-se no espelho e olhar a natureza. O dentro e o fora.
Com estas idéias em mente, devemos levar em consideração as necessidades das crianças ao criarmos os temas para as rodas dos festivais na educação infantil e na educação em casa também.
Nas caminhadas diárias na Natureza trazemos a experiência dos quatro elementos: o vento, o calor do sol, a chuva, as poças, a terra molhada, as folhas secas, as sementes, as formigas, o canto dos pássaros, etc. As estações do ano são como uma roda constantemente em movimento.
As festas espirituais são o portador do espírito dentro das estações do ano, dentro da Terra. O ser humano se desenvolve procurando a harmonia dentro dele e com a Terra, através da sua relação com a natureza e com todos os seres e o cosmo.
As festas cristãs e espirituais, universais ocorrem em todos os tempos da evolução da Terra e da Humanidade, porque expressam um reino para além do plano da Natureza.
Os impulsos da religiosidade, dos caminhos espirituais que ultrapassam todas as religiões, também estão presentes na Natureza. O espiritual é celebrado, não o especificamente religioso. As celebrações cósmicas e espirituais e as terrenas e da natureza fazem parte da história da evolução da humanidade.
Todas essas imagens devem permear as rodas e as ações do dia a dia do educador da educação infantil, envolvendo imaginativamente as crianças e alimentando sua alma. As músicas folclóricas infantis de cada região e da vivencia cultura de cada povo se entrelaçam com as músicas das celebrações das festas espirituais, cristãs e universais. Pela música o educador incentiva as crianças a participarem nas atividades, envolve-as nas imagens, estimulando o brincar, trazendo a união do Cosmo com a Terra. São vivencias importantes do momento da criança pequena na relação com suas forças da natureza e suas forças cósmicas.
Trazer para a criança a vida da Natureza, as suas constantes mudanças e transformações, é um meio de trazer a força motriz da vida da Terra.
Portanto, muito pode ser feito com simples gestos, criatividade e humor, com os temas das estações e das festas anuais.
No planejamento dos festivais, como tema do trabalho a ser desenvolvido no jardim de infância, um clima de antecipação pode ser criado, trazendo algo novo a cada dia, envolvendo as crianças na preparação.
As rodas e os temas de cada época, trazem uma respiração, contração e expansão, interiorização e abertura, movimentos e quietudes, proporcionando um equilíbrio no desenvolvimento da criança.
Preparar os alimentos, fazer as decorações, contar os contos, trazer as imagens nas rodas, as músicas nas atividades, isso envolve a todos dentro dos temas escolhidos.
O tema central dos festivais é a luz do sol e das estrelas, o calor e o amor que transformam tudo em luz. Isso traz a magia, permitindo a experiência e a participação do processo de vida, do ciclo anual. As celebrações são tão universais que ninguém fica excluído. Os festivais falam de cada um e de todos. Celebramos aquilo que é universalmente humano e universalmente cósmico e espiritual.
Evidentemente que cada dia é uma festa, assim podemos fazer também em nossas casas.
A forma como realizamos as rodas, o ritmo do dia e do mês, com o tema das festas e das estações, faz sentido no curso do ano. A arte consiste em trazer para as crianças a vida da Terra, como seres que acabaram de chegar do cosmo. Sentindo a respiração ritmada, como uma música da Terra e do Cosmo.
Assim podemos trazer os movimentos genuínos nas rodas e canções do jardim. É muito importante ser capaz de imitar os movimentos e sons da Natureza.
No final do dia, após todas as atividades, é hora de ouvir as histórias, cheias de imagens que alimentam a alma e que também se relacionam com os temas das festas anuais.(...)"
Retirado de www.festascristas.com.br, escrito por Maria Chantal Amarante
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